MANOEL GABRIEL DE CARVALHO, DEPUTADO PROVINCIAL
O mais antigo, o primeiro túmulo de mármore que se erigiu no Cemitério do Alecrim guarda os ossos de Manoel de a Gabriel de Carvalho.
Representa uma a mulher grega em atitude de meditação, olhando uma urna, a uma bem clássica que deveria conter as cinzas humanas.
Veio de Portugal já pronto e a construção do sepulcro foi feita pelo arquiteto Francisco Skinner, a quem devemos muitos trabalhos locais. Fica logo à entrada do portão do cemitério. A Terceira, se não me engano.
E QUEM FOI MANOEL GABRIEL DE CARVALHO
era um dos chefes do partido conservador, com eleitorado pessoal e prestigio indiscutido. seu castelo era a cidade do natal onde possuía eleitores fiéis até a morte.
Sem títulos de Academia, rábula provinciano, era o melhor e mais procurado advogado no crime de toda a cidade. Advogava muito e o professor Joaquim Lourival, que ainda o ouviu falar, dizia-me elogios de sua eloquência,
Morava na Praça da Alegria, hoje Praça Padre João Maria, na esquina direita com a rua Voluntários da Pátria que naquele tempo tinha o nome de Rua dos Quarteis.
Manoel Gabriel de Carvalho foi cinco vezes Deputado da Província, de 1842 a 1851.
Ninguém o vencia no foro, processos de terras, inventários e especial ménage nas tricas e manobras eleitorais. Ficou famoso no tempo.
Faleceu em 1872
Seu túmulo é um dos mais bonitos pela simplicidade, nitidez e perfeição. A figura feminina é impecável. No meio de tanta banalidade, de tanta vaidade em pedra mármore, cimento e tijolo, ressalta a alinha pura daquela grega, pensativa e concentrada.
Se não estivesse pensando, desde 1872, na morte de Manoel Gabriel, diria eu que ela, sendo grega e sabia, lamentaria, silenciosamente, a existência de tanta inutilidade com que o orgulho dos vivos enfeita a modéstia dos Mortos.
FONTE - LIVRO UMA HISTÓRIA DA ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO RIO GRANDE DO NORTE, DE LUÍS DA CÂMARA CASCUDO
